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E a Confraria das Almas

Sendo a nossa missão de divulgar e revelar a presença permente de "Jesus Escondido"

       As imagens nos nichos, representando almas de defuntos no Purgatório, suplicam a quem passa rezas e esmolas para chegarem ao Céu. Mas no estado de degradação a que muitas alminhas chegaram, bem podem agora suplicar também a quem olhe para elas próprias. Portugal é o único país que, na sequência do Concílio de Trento (1545-1563), criou os monumentos que são marcas profundas da religiosidade popular.

 

       Portugal é o único país do mundo que possui no seu património cultural, localizadas habitualmente à beira de caminhos rurais e em encruzilhadas, as alminhas, representações populares das almas do Purgatório que suplicam rezas e esmolas e que frequentemente surgem em microcapelinhas, padrões, nichos independentes ou incrustados em muros ou nos cantos de igrejas, painéis de azulejo ou noutras estruturas independentes. Mas uma grande parte deste património representativo da religiosidade popular portuguesa está a degradar-se crescentemente, rodeada por silvas, alvo de actos de vandalismo avulso e reflexo directo e generalizado da pressa da vida actual, do abandono das zonas rurais do país e da indiferença que predomina nas autarquias em relação aos pequenos monumentos saídos da imaginação e da devoção do povo.

 

        "As alminhas são uma criação genuinamente portuguesa e não há sinais de haver este tipo de representação das almas do Purgatório, pedindo para os vivos se lembrarem delas para poderem purificar e "subir" até ao Céu, em mais lado nenhum do mundo a não ser em Portugal", afirma António Matias Coelho, professor de História, investigador de manifestações da cultura religiosa e popular e organizador de dois encontros nacionais sobre Atitudes perante a morte, realizados há alguns anos na Chamusca.

 

         "No cristianismo primitivo só havia Céu e Inferno, a ideia do Purgatório só surgiu na Idade Média, quando a Igreja, na sequência do Concílio de Trento de 1563, o impõe como dogma, numa lógica de resposta católica à Reforma levada a cabo pelos protestantes. Passava assim a haver um estado intermédio para as almas das pessoas que faleciam. E em vez do dualismo do Céu, para os bons, e do Inferno, para os impuros, criou-se um estado intermédio, um local onde durante algum tempo as almas ficariam a purificar", observa o historiador, evidenciando, porém, a forma específica como em Portugal se interpretou as indicações de Trento.

 

Representações públicas

 

     "É na sequência do Concílio de Trento que são criadas as Confrarias das Almas, como forma de institucionalizar a crença no Purgatório e impor a convicção de que as almas dos mortos sairiam tanto mais cedo do Purgatório quanto mais orações e esmolas fossem feitas pelos vivos. Aliás, tudo dependia dos vivos, unicamente a eles competia sufragar as almas que esperavam pela purificação", observa António Coelho. Mas, reflexo eventual de uma forma religiosa, emocional e sentimental própria, começam a surgir em Portugal, sobretudo a norte do rio Mondego, fruto de uma cristianização mais prolongada e vivida, pequenas representações das alminhas em sítios públicos com alminhas de mãos erguidas suplicando aos vivos orações e esmolas para poderem completar a purificação e libertar-se das contingências do Purgatório.

 

As Alminhas

Crer na Sagrada Eucaristia tambem é crer nas almas, como lugar para completar a purificaçao de cada alma 

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